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Setembro Amarelo (mês da prevenção do suicídio).
Como os pets podem fazer a diferença.

O mês de setembro tem sido referenciado à prevenção ao suicídio desde 2015, onde no dia 10 se comemora o dia da prevenção mundial ao suicídio.

Segundo a cartilha do SUS , o risco de morte intencional auto infligida é classificada na sociologia como altruísta (por uma causa tida como nobre e importante), fatalista (como nos casos do moribundo que pensa em abreviar o sofrimento antes de uma morte já prevista), anômica (quando o sujeito sente que a sociedade em seu entorno está degenerada a ponto de não mais haver condições de sobrevivência) e egoísta (por motivos pessoais, como nas depressões, nos transtornos de personalidade borderline e explosiva e outros transtornos psíquicos).

Mas como os nossos queridos pets podem de fato ajudar a prevenir ou mesmo diminuir o ímpeto suicida?

Nós Médicos Veterinários não temos competência profissional para atuar diretamente em casos de alterações psíquicas humanas que possam levar aos pensamentos suicidas. Nem mesmo base teórica para, de alguma forma promover qualquer tipo de intervenção médica.

O que a minha experiencia me permite abordar é que através de interação com animais, sejam eles pets domésticos, exóticos, de fazenda ou qualquer animal que possa causar em alguém um sentimento ou necessidade de guarda ou cuidado, podemos sim ajudar a dar motivos para viver.

 Observei por muitas ocasiões famílias inteiras envolvidas na chegada de um novo ser ao convívio, normalmente um animal ainda filhote e que gerava uma organização ao redor dele, com cuidados de ambiente, de como alimentar, de quem vai limpar, de quem vai passear, de como se dividirão para não deixar sozinho, enfim de como poderiam, juntos, fazer o pet feliz.

Em uma ocasião uma senhora muito idosa levou sua neta junto com ela à clínica para que pudesse acompanhar os primeiros passos de uma gatinha que havia encontrado em um terreno ao lado da casa. A princípio não havia muito interesse em ficar com aquela criaturinha. A neta estava para sair de casa indo estudar fora da cidade e a idosa ficaria com sua filha, por vezes sozinha, pois a filha trabalhava muito. Após vacinas e consultas de rotina elas ficaram um bom tempo sem retornar. Porém chegou a época de realizar a castração eletiva e apenas a senhora veio para a consulta. Parecia rejuvenescida e muito dedicada a cuidar da Maricota. Suas atitudes mudaram e agora tinha muito o que fazer e se preocupar. Passou a se dedicar a rotina de brincar, alimentar e contar às amigas as peripécias dela. Um novo motivo. Uma nova vida.

Talvez essa seja a nossa maior atuação como Médicos Veterinários, dar motivos às pessoas, dar condições de se ter um animal por perto, nos ensinado a viver, a brincar, a espreguiçar bem vagarosamente, a curtir o sol da manhã, a dividir o tempo com alguém.

Para os animais não há o ontem, não há pensamento no pesar, não há a preocupação de estar sendo aquele o último dia. Eles são pura vida, despertam, para naquele momento, sobreviver.

Vemos animais que foram mutilados por acidente, por brigas, por doenças e tantos outros acasos terríveis, que na primeira oportunidade, comem, querem andar, querem ver o sol, querem brincar e buscar algo para viver.

Nossa missão como médicos Veterinários é cuidar para que os seres mais importantes de alguém estejam saudáveis e de alguma forma possam levar a energia vital aos que infelizmente não tem mais para si. Podemos orientar pessoas a como manter uma relação de amor com seus animais e como aprender com eles a verdadeira essência do viver. Sem guardar magoas, sem sentir pena de si mesmos, tendo motivos internos para continuar.

Os pets tem a capacidade de tirar o ser humano do seu mundo egocêntrico, trazendo atenção de forma muito intensa para suas brincadeiras e seus hábitos. Eles promovem desenvolvimento social para as pessoas. Muitas vezes uma pessoa introvertida passeando com seu pet encontra amigos e interação social com o simples fato de trocar experiencias ou rir das peripécias de um pet junto com alguém.

O mundo pode ser muito melhor quando temos a companhia de alguém que amamos, seja ele de duas ou quatro patas, com pelos, penas ou escamas, com tamanhos diversos e hábitos estranhos.

Os pets não são a cura, mas podem amenizar em muito a dor da alma humana.

 

Renato Murta

CRMV 9213 SP